quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O Mal da Montanha

Subi, subi , subi...
A enorme faca motorizada viria do lado oposto para atingir uma irmã indefesa
A tontura me veio com a náusea e senti a dor em meus olhos que a tudo assistiam

Minha  vértebra curvou-se como roda gigante me levando ao chão
Enquanto a irmã araucária dobrava-se ao ser decepada

Algumas lágrimas desceram em meus olhos ao assistir a irmã degolada
Que também chorou
Amaldiçoei por milênios o ser da enorme faca motorizada que usava vestes de couro cru e botas longas

Era uma dor de morrer

A araucária e seus filhos choravam, e lágrimas desciam às pedras que as amparavam criando lagos
Meu choro era silencioso e tinha uma visão quase mórbida
As montanhas não são inóspitas! Não são, não.
São santuários!

Minha vértebra curvada tal como roda gigante me transformava em uma roda a despencar no abísmo do absoluto desrespeito de meu irmão

Então vi a irmã dormir para sempre enquanto suas sementes
Deitavam-se ás margens do rio
Precisava pegá-las!

Precisava cuidá-las...
Adormeci da dor que era a maior que já havia sentido:  impotência

Achei que teria sido tomada pelo “Mal da Montanha” - antes fosse
Voltei a amaldiçoar o ser das vestes de couro cru:  meu semelhante

E gritei:

 "Acordem nossas crianças para isto!"
" Acordem nossas crianças!"
  

22/09/2016

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