E estraçalhado gritou, acho que foi o último grito
na arena. (espetacular!)
Talvez tenha sido o final de dois gladiadores
hostis,
Olhou o céu chuvoso e correu adentrando os
labirintos contemporâneos, a fugir da decência.
A dor era visceral!
Ouviu a voz da deusa que o negociou
E o valor era bem menor do que havia sido pago ao
adquiri-lo.
Seus dotes eram razoáveis, sua enfermidade o
desvalorizava...
Seus dentes rangiam e mastigavam a febre.
Coração comprimido, arrancado pela boca com mãos
insanas guiadas pelo cérebro adoecido da dama em chamas.
- Compramos e vendemos pessoas?
- Leiloamos pessoas?
- É lícito isto? Diga-me Senhor!
Seria o triste assassinato do meu eu lírico ao
ouvir?
Vociferada fora a dor em silêncio e somente meu eu
a ouviu.
“Vendam o gado!”
“ Comam gado!”
“ Arrastem-os para os seus leitos e os comam
dormindo!”
Era o pesadê-lo!
O fim da “guerra fria.”
Ao cobrir meus ouvidos com as mãos,
Cá estou eu a brilhar de dor.
Corina Sátiro – 28/10/2015