sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Mar Negro

Sei que descuidei-me ao deixar o veleiro à deriva enquanto dormia profundamente em meu cansaço navegado em meses sucessivos.

Agora acordo e sigo pelo mar aberto tentando enchergar a tempestade que veste a negritude da noite abraçando o luar.

Perdemos o azul do mar nos teus raios lunáticos. Agora choro e rio do medo que me toma.

Por que te aproximas destas águas profundas? Sabes que quando te aproximas demais erras trazendo o caos.

Provocas a ira das grandes e imponentes ondas do grande lago terráqueo
que não pode com tua proximidade.

E o medo sentido lhe traz as espadas dos guerreiros das cidades perdidas nas profundezas das águas sem sua mansidão.

Abaixo das águas estão as almas desconhecidas por nós: os guerreiros de navios nalfragados nas tuas idas e vindas.

Queria eu estar dançando um bolero na ilha encantada onde vive a irmandade que procuro.

Giro em meio a tempestade, tenho as pernas banbas e canto na dança dos raios que não me atingem mais.

Assim , dentro do medo, esperarei a calmaria e o amanhecer ensolarado.

Minha ilha me espera. E lá deixarei meus restos mortais sob as areias brancas e virgens.

Corina Sátiro - 09/09/2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário