Sei que descuidei-me ao deixar o veleiro à deriva enquanto dormia profundamente em meu cansaço navegado em meses sucessivos.
Agora acordo e sigo pelo mar aberto tentando enchergar a tempestade que veste a negritude da noite abraçando o luar.
Perdemos o azul do mar nos teus raios lunáticos. Agora choro e rio do medo que me toma.
Por que te aproximas destas águas profundas? Sabes que quando te aproximas demais erras trazendo o caos.
Provocas a ira das grandes e imponentes ondas do grande lago terráqueo
que não pode com tua proximidade.
E o medo sentido lhe traz as espadas dos guerreiros das cidades perdidas nas profundezas das águas sem sua mansidão.
Abaixo das águas estão as almas desconhecidas por nós: os guerreiros de navios nalfragados nas tuas idas e vindas.
Queria eu estar dançando um bolero na ilha encantada onde vive a irmandade que procuro.
Giro em meio a tempestade, tenho as pernas banbas e canto na dança dos raios que não me atingem mais.
Assim , dentro do medo, esperarei a calmaria e o amanhecer ensolarado.
Minha ilha me espera. E lá deixarei meus restos mortais sob as areias brancas e virgens.
Corina Sátiro - 09/09/2016
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