terça-feira, 16 de junho de 2009

De Tempos Em Tempos

Após tanto tempo - tempos de sois - ainda cabisbaixa atirei-me à luminosidade que restava do por-do-sol. Enxergava-me agora como um velho tronco envelhecido no topo da colina, cheio de galhos secos, oco e vazio; tão vazio que quebraria-se com uma leve brisa. Ainda assim, lá estava ele. Mantinha-se de pé a olhar os vales como estivesse a calcular o tempo que lhe restava de vida.

E eu tinha certeza do que me ocupava a mente durante aqueles tempos em que brincava com as outras crianças nas calçadas em minha rua da infância: “ Amor era reservado somente aos deuses, nunca aos mortais” . Se fora eu parida por uma mortal, como saberia do meu destino amororo? Ah, mas nem todos os príncipes eram deuses e eu podia sonhar.

Bem sei de raiva, de ódio. É quase uma demência. Sentimentos destrutivos que adoecem a face e a alma dos homens dando-lhes a certeza de que nada valhe a pena, de que nada reconstruirão. Apenas caminham para a morte e a desolação. E eu choro com isso.

Corina Sátiro - 20/03/2000

sábado, 13 de junho de 2009

Prisões

Não aprisona-se viagens astrais
Prisões de mim, prisões de homens, prisões de pássaros,
Prisões de irmãos quase pássaros,
Porque se pássaros fossem
Sumiriam no azul do céu e mergulhariam no infinito.
Prisões de meus dias de sonhos
Mergulhados nas celas sombrias da dor da distância.

Te beijo irmão, com a dor do frio nos lábios calados da ausência.
Não chore, falamos amanhã;
Falemos de um novo amanhã.
 
Corina Sátiro - 20/05/2006