quarta-feira, 27 de abril de 2016

SONATA


ASTROS AFIXADOS NAS PAREDES DO QUARTO VAZIO
ACORDAM E REFLETEM LUZ PRÓPRIA EM MEUS OLHOS.
TE VEJO INFINITAMENTE FELIZ E FELIZ ESTOU.
LÁ FORA AS BARCAS ABRIGAM UMA NÉVOA SILENCIOSA DESCENDO SOBRE O AZUL DO MAR.
É O PRELÚDIO DE UM INVERNO FRIO E TEMPESTUOSO
QUE NOS LEVA A CONHECER A SOLIDEZ DA SOLIDÃO.
PIRATAS QUE ME LEVAM, ICEM AS VELAS!
E NO FRIO DAS ÁGUAS TURVAS ANUNCIEM OS DESARMADOS E PATÉTICOS POETAS QUE ME INSPIRAM E ACOMPANHAM.
FAZEM CRER QUE TEREMOS O FUTURO BLINDADO DE FLORES, POR QUE ASSIM O VEEM.
NÃO SABEM FALAR, MAS FAZEM CRER QUE TEREMOS O FUTURO BLINDADO DE FLORES!
NÃO SABEM OLHAR, MAS VEEM COM OS OLHOS MIÚDOS DAS ÁGUIAS.
ISTO ME ENCHE OS OLHOS DE ALEGRIA E ESPERANÇA,
INVERNAMOS EM POESIAS E SONATAS INVENTADAS NA SORTE.
PIRATAS QUE ME LEVAM, ICEM AS VELAS!
TE VEJO INFINITAMENTE FELIZ,
E PERGUNTO-ME SE FELIZ ESTOU.
 
SE TODOS SOMOS FANTASMAS DE PIRATAS DE NAVIOS NEGREIROS NÃO TEREMOS UM FUTURO BLINDADO DE FLORES. SABEMOS QUE POETAS SÃO MENTIROSOS.
 
Corina Sátiro– 26/04/2016

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Reticente

Reticente

 
Deixe-me beber contigo.

Se já bebemos tantas palavras haveremos de beber juízos.

Bebemos palavras sem vírgulas, dois pontos, ponto e vírgula, reticências...

Vê! Me emprestastes alguns acentos.

Me emprestastes aquele sorriso com gosto de  água cristalina,

E além de palavras bebidas, sussurros impensados e cheios de beleza.

Deixe-me beber contigo todas as palavras ditas às avessas.

Deixe-me inventá-las na madrugada enquanto a noite assume sua postura de senhora,

Enquanto dormes.

Estamos no contexto.

Se quiseres,  grite bem alto.

Mas há que se dizer que palavras são sensíveis e podem não suportar

Sua própria insensatez.

Verbalize-as com recheio de rosas.

Eternize-as.

Esqueça-te do ponto final.

 
Corina Sátiro - 14/04/2016

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Paisagens


Hoje corri pelos campos

Com os mesmos sentimentos das crianças.

Vi  flores amarelas cantando e arremessando suas pétalas ao azul celeste

O sol reflete nas folhas de urtiga

Que brilho e esse, meu senhor?

 

Cadê você?

Cadê você?

Cadê você?

 

Tenho uma rosa branca para te dar

Tenho folhas de urtiga para o chá

A nuvem não é branca

O céu sumiu

Mas não é chuva

O Mundo levitou no eterno espaço

 

Cadê você?

Cadê você?

Cadê você?

 

Tenho uma rosa branca para te dar

Infindas ruas para caminhar

A bolha estourou

Braços tenho pra te buscar

Que tal não chorar?

Vamos sonhar

 

Corina Sátiro – 03/04/2016