Arde saber que quem não vê os rios não entenderá as correntezas, e que nada há de se revelar num mundo silencioso e sem luz.
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Desejos
Ruídos, susssurros, vozes que façam revelações íntimas mesmo que sem nenhum sentido.
Gosto de sentir cheiros, perfumes,
Gosto de suavidade nos carinhos... suavidade (nem sempre!) os quentes também me fascinam, me dominam... Não ao morno... Às vezes prefiro o que queima, pois existe em mim também a fera que se perde em seu instinto irracional...
Gosto de risos largos, afagos - corpo e alma - sempre.
Gosto de pensamentos que viajam e buscam mãos, braços abertos, olhos;
noites intermináveis quando a vontade é de que nem amanheça só pra ficar juntinha e adormecer.
Gosto do amor que se faz a toda hora,
Bocas que bebem o gosto dos sentidos aguçados, revelados...
Gosto do teu rosto, do teu riso,
Procuro tuas mãos, me acho,
te acho.
Corina Sátiro - 29/09/2016.
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Passificar
Não, às perversas batidas do meu coração frio que podem matar a esperãnça dos olhares pueris - o que seria inaceitável à vida e preciso ao breve futuro.
Não, à impulsividade e a segurança das metades do fruto que queimaria ao receber o frio do sudeste desnorteando o litoral.
Não, à semeadura do trigo em terras inférteis. Não!
Vivo pela passagem do vento refrescando minhas limitações até que esfarelem-se e caiam ao solo.
Vivo do rubor nas faces, e pelo que sinto queimem em meu espírito.
Corina Sátiro - 27/09/2016.
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
O Três
Ando atrelando ao meu lirismo contemporâneo a forte emoção conturbada
Das três irmãs,
Da regra três,
Das três horas - madrugada.
Do terceiro mês - nascimento do príncipe esquizofrênico,
meu herdeiro sobrinho...
Com roupinhas amarelas aos três anos em uma foto antiga comendo giló e bananas com gula de gente grande.
O príncipe chorou muitas vezes e eu desesperava-me dando-lhe colo.
Menino chorão e belo, rico em expressões, às vezes palhaço rindo...
Por outras vezes rindo do palhaço imaginário.
O três - terceiro olho - sexto chakra...
As Três Marias olhando-nos a passear nos parques, a jogar bola, brincar de esconde-esconde...
O pequeno príncipe cresceu e anda a divagar... Mas na realidade, tinha três irmãos.
Três - ASS - letras iniciais de seu nome.
Te guardo em mim nesta distância, menino príncipe.
Te guardo, sempre...
Sempre guardarei.
Corina Sátiro - 26/09/2016
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Encastelados
Vamos?
Vem comigo!
O mar tá sorrindo pras gaivotas hoje, tá cheinho delas brincando, banhando-se nas águas.
Vem!
Preciso te mostrar...
Corre comigo!
Surpresa!
Com os grãos de areia ergui um castelo.
Podemos entrar nele!
Subamos as escadas e olhemos da torre.
Olhe a vista pro mar agora, os cardumes que fogem dos pescadores,
as ondas que dançam por nos perceber a admirá-las.
Daqui, você eu poderemos escrever poemas, crônicas...
Os marinheiros sorrindo no cais em sua volta pra casa, os barcos que dançam no azul das águas... É mágico!
Ah, neste castelo plantei os sonhos que colhi na infância.
Corridas pela chuva,
Chutes nas poças d'água,
Banhos nas calhas das casas...
Ergui-o na noite em que caminhei só, observando o farol girando e brincando de colorir meus olhos sentados em um arco-íris escorregando nas cores que dele saiam.
A Terra girava comigo.
Os edifícios giravam soltando flores pelas janelas...
Vem comigo!
Vem!
Corre comigo!
E quando nos cansarmos,
Sentaremos na praia segurando os grãos de areia sem deixá-los esvairem-se entre nossos dedos.
Corina Sátiro - 22/09/2016
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O Mal da Montanha
Subi, subi ,
subi...
A enorme faca motorizada viria do lado oposto para atingir uma irmã indefesa
A tontura me veio com a náusea e senti a dor em meus olhos que a tudo assistiam
Minha vértebra curvou-se como roda gigante me levando ao chão
Enquanto a irmã araucária dobrava-se ao ser decepada
Amaldiçoei por milênios o ser da enorme faca motorizada que usava vestes de couro cru e botas longas
Era uma dor de morrer
As montanhas não são inóspitas! Não são, não.
São santuários!
Minha vértebra curvada tal como roda gigante me transformava em uma roda a despencar no abísmo do absoluto desrespeito de meu irmão
Precisava pegá-las!
Precisava cuidá-las...
Adormeci da dor que era a maior que já havia sentido: impotência
Achei que teria sido tomada pelo “Mal da Montanha” - antes fosse
Voltei a amaldiçoar o ser das vestes de couro cru: meu semelhante
E gritei:
"Acordem nossas crianças para isto!"
" Acordem nossas crianças!"
A enorme faca motorizada viria do lado oposto para atingir uma irmã indefesa
A tontura me veio com a náusea e senti a dor em meus olhos que a tudo assistiam
Minha vértebra curvou-se como roda gigante me levando ao chão
Enquanto a irmã araucária dobrava-se ao ser decepada
Algumas lágrimas
desceram em meus olhos ao assistir a irmã degolada
Que também chorouAmaldiçoei por milênios o ser da enorme faca motorizada que usava vestes de couro cru e botas longas
Era uma dor de morrer
A araucária e
seus filhos choravam, e lágrimas desciam às pedras que as amparavam criando
lagos
Meu choro era
silencioso e tinha uma visão quase mórbidaAs montanhas não são inóspitas! Não são, não.
São santuários!
Minha vértebra curvada tal como roda gigante me transformava em uma roda a despencar no abísmo do absoluto desrespeito de meu irmão
Então vi a irmã dormir para sempre enquanto suas
sementes
Deitavam-se ás margens
do rioPrecisava pegá-las!
Precisava cuidá-las...
Adormeci da dor que era a maior que já havia sentido: impotência
Achei que teria sido tomada pelo “Mal da Montanha” - antes fosse
Voltei a amaldiçoar o ser das vestes de couro cru: meu semelhante
E gritei:
"Acordem nossas crianças para isto!"
" Acordem nossas crianças!"
22/09/2016
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Meia-Luz
Gosto do escuro e da meia-luz.
No escuro viajo pela Via Láctea e vejo outros mundos, conheço outros seres viajantes, beijo uma estrela assexuada que nasce sorridente e me oferece luz enquanto tu dormes.
Sabes que sou viajante em tantas vezes que adormeço o corpo e te aquietas para que eu vá me fortalecer nos lugares de origens desconhecidas por ti. Assim me acolhes em teu íntimo.
Mas ao voltar, na meia-luz, vejo teu corpo coberto e descubro-o. Em cada detalhe percebo um desejo vivo e audaz ao ponto de me luzir os olhos e fascinar a vista acizentada pelo pelo negrume da noite.
Tanto amo teus lábios com gosto de uvas vermelhas!
E em tua pele sinto o cheiro de pêssegos maduros que nos salienta a libido devolvendo-nos o prazer. E sob os lençois deito-me nua e a sorrir; a buscar teus olhos e o frescor de tua pele que exala cheiro de flores e calmaria.
Respiro teu hálito com gosto de mel puro a lambuzar os lábios quentes na noite fria que nos encontra.
21/09/2016
terça-feira, 20 de setembro de 2016
Omissão de Palavras Mudas
As músicas que ouço me fazem lembrar nossas poucas palavras, nossas escritas com seus diferentes estilos que permanecem em meu lugar preferido: minhas veias, que sem o sangue azul amarelam-se como os últimos raios de sol que despedem-se apenas por uma noite voltando a brilhar nas primeiras horas que trazem o amanhecer.
O sangue
Como amazonas perdidas que não dominam seus cavalos e veem os puros-sangues galoparem quase que sem rumo em um corpo largado à distância perturbante sem ver raiar a luminosidade do mesmo sol que se fora na noite anterior e coagulam na abertura do ferimento indizível.
O querer amolado
Tento desesperadamente compor e musicar uma canção pra te ter sempre presente e não consigo por que quando dedilho as cordas ouço teu silêncio de sempre. Aquele que fez morada em ti e contagiou-me calando-me talvez para sempre nos diferentes versos que compunha.
Porvir
E o futuro desconhecido me amarra em baixo da soleira de minha porta. Deixando-me duas taças de cristal para algum evento, mas tenho minhas mãos atadas.
Corina Sátiro - 20/09/2016
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