terça-feira, 4 de agosto de 2015

Menino (homenagem póstuma ao meu irmão Jorge Sátiro )

O meu menino moreno de olhos serenos
Já foi-se embora.
Deixou-me somente a cidade,
As luzes do parque, e uma dor tão doída...!
Saiu durante a madrugada
Pisando na vida, visando as calçadas;
Jurou que não mais voltaria e foi entregar-se a vida vazia.
Vida vadia... de bares, de copos, de bafos;
De choros e chorinhos.
Que menino mau!

O meu menino do peito partiu
E deixou-me sem graça e sem jeito.
Correndo pela noite adentro sem rimar a vida
E os versos cinzentos.
E agora a passarada do parque
Reclama comigo as mesmas migalhas
Da melodia que tanto me falha.
Que menino mau!

E o meu olhar tão cansado
Atira nos versos um bom desagrado.
É culpa do meu coração
Que não quer,
Que não pode,
E não vai ser em vão.
Que menino... menino.

 
Corina Sátiro - 04 de maio de 1986

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