domingo, 27 de setembro de 2015

O Tempo

Vemos a vida por lentes diferentes.

O passado e o futuro disputam seriamente a overdose de medos, ansiedades e

lentidão da passagem dos dias.

Passado e futuro:  perfeitos.

Sabem exatamente a que horas o sol desponta quente ou frio no horizonte;

Não, não nos adiantaremos em nada!

Passado e futuro confundem-se no presente.

E o meu presente é inabalável.

Está aqui, ali, acolá... 
 
É difícil me ver no passado e vejo me arrastada ao presente.

Pretérito perfeito!

Eu amei, tu amaste...

Vemos a vida por lentes diferentes.

Versos caem no túnel do tempo, desdobram se no passado,

Porém, permanecem preservados no presente

E continuarão assim, deste mesmo jeito no futuro.

Estarão em algumas bibliotecas virtuais

Encantarão algumas pessoas, talvez sucumbam em labaredas.

Ah! Os caracteres do fogo!

Empunharemos nossas espadas e nos faremos presentes

Jamais morrerão de fome da leitura dos que os desconhecem

Por não terem tido tempo

Passado, presente, mas nada direi eu por eles no futuro

Está tão distante 

Que Deus esteja presente em nós

Onde é que está O Deus?

Gostaria se pudesse Vê-lo...

Sinto-O somente, e só.

Suas verdades são apenas suas!
 
Todos terão suas verdades, e ainda que mentirosas

estarão escritas.

Ai do que falo se também menti no passado e ainda ando a mentir para minha lente

que nos vê no futuro antagônico

Vemos a vida por lentes diferentes.

 

Corina Sátiro – 26/09/2015

 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Pensamentos Ignorados

Coração é o nome de uma imensa rocha flutuante que gira no céu e interioriza-se em nós.
Grãos de areia que formam ruas e desertos endovenosos em nossos pés
Que seguem em frente somente.
Filhos do mundo, teus olhos são demasiadamente grandes!
Quero poder amar e vêlo-los brilhando todas as manhãs, e  assim caminharei iluminada pelas galáxias.
Por todas as espécies tenho chorado e já perdi noites de sono girando ao redor de mim.
Não quero observá-los assim!
O véu da noite cairá sobre todos em um dia inesperado,
O pôr-do-sol não mais veremos.

Cegueira!

Não nasceremos todos os dias, filhos do mundo!
Quebraram o renascer por esta inobservância.
Vejam as leis da vida real.

Ora, é sabido que tenho instinto materno, e choro, choro...
Vivo a acolher filhos de toda etnia em meus braços de mar e terra;
Filhos de braços de mares,
Filhos de grãos de areia...
Protejam-me da explosão lunática de tuas cabeças,
Guardem meus lençóis azuis bailando no arco-íris...
E na véspera da chuva que sairão de nossos olhos, morreremos!
Guardem meus lençóis do arco e da flexa!
No mais, acho que não sou daqui.

E a Terra gira, linda e soberana Mãe!


Corina Sátiro - 19/06/2003

Anjos


O cheiro de capim molhado que vem da chuva fina
Traz a libidinagem dos anjos rebeldes que inventam noites claras.
Vozes! Quantas vozes ouvidas e não distinguidas saem às ruas,
Meu Deus!
São armas!
De fogo,
De jogo!
Se amam, se enganam!
Seus caminhos azuis cheios de flores brancas estão à espera
Ao romper do dia.
A fantasia alucinógena lhes cairá bem ao amanhecer.
Juras desfeitas e há muito naufragadas;
Sonhos insanáveis que cansam as pálpebras, desatam os nervos.
Estão sempre a flor da pele. 
Amando, cantando, sorrindo, chorando.
Como são belos os anjos!
Se são dos céus, se são da terra, se são apenas anjos
Rebeldes e cheios de luz...
Vai saber!

Corina Sátiro - 10/10/2011

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Chá Das Cinco (Toma Comigo ?)

Não importa se é água com água.

Água com leite, água cuspida...

Que se beba em mãos em cuia,

Em latas enferrujadas,

Em latas rotuladas:

Bebam!
 

Meu cristalino não enfoca!

Parece bruma amanhecida de tão fria essa gente esquecida.

Deixem de falar " debaixo dos panos " coisa alguma!

Caiam as palavras em tons explícitos.

Que os barbados lavem os tímpanos!

 
E ouçam o que não nunca lhes fere.

É o que a mim parece que lhes acontece!
 
Nossas necessidades mínimas...

Basta de água!

Queremos nata, queremos sobras de leite, um pedaço do seu "queijo podre"!

Queremos terra!

 
E pro seu governo,  estamos enfermos.
 
Sem chá-mate, sem erva-doce... 

Isto nunca lhes dói.

Nem na carne, nem na alma!

Aos seus olhos nada acontece. Tudo está certo.

Porém, nos nossos olhos há uma agonia eternizada,
 
Agonia aguada.

Este é nosso chá das cinco... Tomem conosco!
 
Bem-vindos senhores!
 


Corina Sátiro – 19/05/2015

Música

As mãos deslizam no teu abraço
E eu traço o horizonte
Com os olhos no céu.
E surge a canção
Que ofereço, ou não.
Sim a dois.

A qualquer um ?
Qualquer que passe ?
Não.

As mãos deslizam no teu abraço
E eu traço contigo a linha da rua,
E canto!
Não tem céu nem estrelas,
A noite ganha tua beleza.

Caminho assim
Será perdi-me de mim ?
Ou perdi meu tempo?
E canto:
Rock,
Blue,
Tudo o que é sonoro vem absorver-me a alma agora.
Porque perdi o sono e a hora.

domingo, 13 de setembro de 2015

Nevoeiro


Na soleira da porta ainda estou com as duas canecas nas mãos.

Meus olhos abraçam o nevoeiro e rolamos pelo tempo;

Já dizia o poeta: “ O tempo não para!. Não para, não...”

Não há arrependimento, não !

Um dia a soleira quebrará...


Corina Sátiro  - 13/09/2015

sábado, 12 de setembro de 2015

Cantiga de Ninar

Numa noite chuvosa uma estrela no céu sentou-se a chorar.

Seu brilho acanhado nascido de um ventre perdeu-se nas nuvens,

Sumiu num tornado que veio do mar.

Um mar tempestuoso,

Com ondas gigantes!

- Quer me afogar ?

Mãe lua tristonha mergulha nas ondas e põe-se a nadar

Em busca do brilho

Que só uma estrela com luz tão risonha

Podia o mundo fazer acalmar.

Seus braços aflitos pediam aos gritos:

-Tornado, se vá!

Não brigue comigo,

Jamais serei teu castigo

Chegando dos céus, terra e mar.

E não é direito ofuscar minha estrela,

Fazê-la chorar. 

E mesmo sem brilho...

Sou lua minguante,

Eu sempre sou mãe no espaço que é meu!

“Nana, neném” ...


Corina Sátiro – 05/03/2002