quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Quereres

Quis te procurar,
 
Te molhar com a chuva que desce calma pela madrugada;

Te sufocar com beijos loucos e embriagados de vinho morno.
 
Quis me dar, me achar...

Quis um sol depois da chuva que adentra a madrugada imensa

E escorre lenta sobre minhas pálpebras cansadas.  

Quis te ninar, te mostrar os caminhos do sol,
 
As profundezas dos rios, dos mares revoltos que invadem as ruas

Beijando meus pés descalços.   

Ah, eu quis teus braços! Teus laços atados aos meus tortos passos noturnos!

Dançarinos, meninos, em meus desatinos;

Transviados, marcados pela ausência do meu imenso querer.

Ah, eu queria era viver!

Teus risos doces, cheios de alegria, de vida bandida;

De vida nos leitos, no cais, nas esquinas paradas no tempo.

Quis ver meus sentimentos mais leves que o vento que foge dos litorais

Visitados pelas dunas acinzentadas de maresia.

Quis teus olhos espertos, dispersos,

Mas era tarde e eu já dormia. 

Corina Sátiro – março/2003

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