quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Mágico

                                                                Ele era mágico.

Brincava de inventar sorrisos, porém não percebia

O meu riso discreto de criança encantada que sem querer o acompanharia.


Não conseguia ver!

Por que não via?

 Já me havia levado aos palcos e se mostrado duende, bruxo ...

Ele era mágico.

Será que não sabia?


 Já sei:

 Não conhecia a sua magia,

Porque este saber só era permitido a quem o via.

E ele era mágico e não sabia!
 

Brincava de dançar nos olhos e depois fugia

Deixando a silhueta colorida a marcar sua volta.

Sequer dava tempo aos espectadores para partir.


Amanhecia e ele dormia em meus olhos de criança,

E eu não precisava dizer que o veria novamente.

Ao acordar, certamente me contaria histórias;

Ao acordar brilharia como os vaga-lumes sobre minha cabeça aturdida;


E se pensasse bem, me faria ralar os joelhos quando brincássemos de fugir,

Quando corrêssemos  pelos jardins e praças,

E nunca ficaríamos tristes... Eu não ficaria!


Mas ele era mágico e me excluía,

Porque dos meus sonhos nada sabia!

Da sua magia? Eu sabia.

E ele era tão mágico, mas no meio da platéia não me via.


Corina Sátiro – 30/07/1999

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