sábado, 11 de julho de 2015

Tentáculos

Teus tentáculos, quem diria, me achariam fora do mar!
Deus do mar,
Deusa das marés,
Afastem de mim tal gigante que perambula em minhas noites,
Porque não foram meus os olhos que o guardaram através dos tempos.
Eu, meretriz das tabernas
Embriaguei-me com mágicos em lagos azuis.
Poderia ser somente do rei e estar feliz,
Beijar as paisagens do castelo de flores,
Amanhecer com o corpo orvalhado e puro.
Deuses dos ventos, assoprem!
Nos separem nos tempos,
Porque trouxemos as luzes das tabernas,
As cores dos lagos dentro das veias,
E tudo volta a ferver.
Por que me viestes ver?
Desço as escadas e choro contigo
Não deveríamos.
Afaste os tentáculos!
Sabes que não deveríamos sair do passado.
Entendo o meu medo de estar ao teu lado,
O arrepio no decorrer da madrugada;
Revejo o lenço em teu bolso quando os tentáculos
Eram mãos tão macias preservando-me a alma por todas as noites.
Por que me viestes através dos séculos navegar os olhos?

Jan/2004

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