domingo, 26 de julho de 2015

Adeus

Não te atormentes se não me vires hoje,
Pois nem os espelhos e vitrines me refletem agora.
Aqui não estou mais.
Há alguém em mim, desconhecida; bem sei.
Prolonguei minha tortura nos teus festejos.
Ternura dissimulada a tua que atua sempre
Em teu olhar de aventuras
Seguei-me e arrastei-me,
E agora arrisco-me pulando os muros altos para fugir de mim
Sem sentir mais em minha pele teu cheiro já evaporado.
Que após alguns segundos não há de fazer diferença
Em minha imagem distorcida e em meus sonhos sufocados.
Meus sonhos renascem com as andorinhas mortas
Meus olhos profundos -  lagoas de puro sal
Onde tu te banhas em harmonia com as horas
No início de uma nova dança de ventres arqueados
E tuas mãos já não me importam no adeus;
E tuas mãos já me são mudas,
Minha pele já te é surda e cega,
E me transportam para as temperaturas mais elevadas
De uma desconhecida cidade em chamas
Onde os fogos não são artificiais.
Os meus lábios, antes teus, a outros tocam num ritual calmo de quem se vai.
E a minha fraqueza – tua perpetuada inimiga – corre solta e forte,
Corre livre em outras mãos suaves,
E os meus suores quentes são águas cristalinas e entram em erupção 
Para encher de um brilho galáctico os olhos de quem os vê.

Corina Sátiro – 25/06/2005

Nenhum comentário:

Postar um comentário