E o arrulhar dos pássaros solitários.
Mergulhava sombreado nas almas soltas e nuas
Por quê tu olhavas apenas por ele?
Não imaginavas que meu olho direito já desfazia-se em lágrimas?
Que roubaria de ti a harmonia e os sonhos?
Passastes longe da retina derretida pelo sal que me descia ao colo,
Mas, te amei!
Meu olho esquerdo te contava histórias pueris, iluminava os caminhos; e caminhavamos...
Saltando feito moleques, digladiavam olho esquerdo e direito em minhas lutas imortais
E os teus olhos viam meu olho esquerdo. Acenavam-lhe e sorria.
Contorcia-se meu olho direito, e de soslaio arremetia-se ao medo
Fugindo pela janela semi-aberta.
Então? Acovardava-se ele? Não.
Meu olho direito, menino e arredio assustava-se ao som das guerras
E trépido fechava-se, ou arregalava-se em pedidos de socorro,
Mas não vias meu olho direito
Agora já é noite e meus olhos dormem.
Assim, acalmam-se e sonham os mesmos sonhos, teus e meus.
Irmãos da mesma face expostos ao renascer
Corina Sátiro - 23/03/2015
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