segunda-feira, 12 de setembro de 2016

"A Casa Do Fim Da Rua"

Tento entender o que vejo em fotos que podem ter sido recentemente tiradas ou há milênios desenhadas...
Lembrando-os que meus olhos podem confundir as visões que tenho,
pois a miopia me põe a usar óculos ou lentes

Meus olhos não percebem bem muitas cores e não enxergam somente dores
Apenas veem coisas sombreadas ou iluminadas, tais imagens me parecem estradas sinuosas.
Uma tintura ou um grafite mostram um rabisco na vida de alguns, num momento de alegria ou de tristeza.., Outros me mostram a paz evidente em algumas cores que os tomam

Com sorrisos mortos ou vivos eu os vejo em seus amores perdidos ou encontrados; ou em suas alegrias numa grande euforia que confundem-me
Surpreendo-me ao não ver meu sexo, e penso que nunca o tive, mas sou uma mulher.
 
Teriam desenhado também minhas tantas vidas, faltando-me apenas a chegada a este recinto desconhecido onde não sou nada?
Por que estou aqui?
Lembro-me de ter chorado ao descobrir tais coisas ocultas aos meus olhos adolescentes

Quando adentro tais quadros o tempo está parado para os que lá "vivem".
Alguns têm olhos mortos, outros os têm ainda vivos, e muitos estão numa sobrevida.

Posso vê-los

Suas mãos não acenam e seus braços não abraçam mais, apenas buscam e precisam de outros braços que os levem a saída... Onde está a saída?
Sinto emoções diversas e inenarráveis
São muitas salas e jardins, nem sempre sei o que fazer...

Eles estão ali em minha mente?

Moldo-me à luz e sinto a leveza do ar nos tais quadros luxuosos e brilhantes
Observo o cristal que se sobrepõe ao espelho que reflete a luz que vem do porão que vasculhei à procura de explicações.

Devo esclarecer que não sofro de esquisofrenia.
Talvez esteja aos pés de meus rumos ou missão...
Acordo a pensar e sinto a leveza nos recintos onde caibo


12/09/2001

sábado, 10 de setembro de 2016

Montes Verdes

Precisei ir ao monte e lá acho que encontrei as respostas para minhas perguntas.
Quantas coisas perdemos. Deslizaram-se de  nossas mãos.
Tive dó de nós.
Se estivesses aqui verias a cidade lá em baixo toda iluminada.
A vista daqui traz as estrelas para bem perto, posso senti-las queimar-me.
Uma luz muito intensa percorre meu corpo fazendo-o tremer. Minha mente expande-se.
Gosto de estar aqui -  onde encontro meus pirilampos
Nos jardins deste lugar onde existem flores a olhar-me... Mas tudo bem. Tudo está bem agora.

Ri de seus risos e agora estamos aqui dentro de nós.
Não chore.
Ainda existe o infinito.

Corina Sátiro - 10/09/2016

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Amor


Sei onde fica o amor. E olha que é difícil entender quando aparece em lugares que julgamos improváveis.
O amor fica na gente quando somos gente de verdade.
O amor é imortal. Transcende...
Multiplica-se, triplica-se...
Nasce em todos os lugares, é majestoso, é frágil, é forte e poderoso. Cura. O amor cura!
Vindo de uma semente, amadurece aos poucos e transforma-se em fruto, e quando experimentado deixa o sabor perpetuado.
Amor é paz.
Amor é sempre, sempre lindo!
Há quem o confunda com paixão,
Mas o amor tem uma paixão que o acompanha e que às vezes fica pelo longo caminho. O seu trajeto tem estradas sinuosas, entroncamentos...
É preciso atenção.
O amor é o entrelaçamento de almas.
O amor não mata, ressuscita.
O amor é vida.

Corina Sátiro - 08/09/2016

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Morfeu


Deus da noite e da paz que 
Nos adormece
Me atraia ao R.E.M na morte temporária
E na saída dos labirintos da noite em tua grande paz
Dignifique minha mortalidade em tua sombra

Antes do amanhecer solte-me na brisa mais leve
Que possa existir junto as borboletas,
Pois com elas partirei sobre as flores
E descobrirei novos mundos

Imploro-te para que ao libertar-me à luz do dia
Leve-me sempre às asas da razão
Sem o entorpecimento mental dos irmãos mortais,
Leve-me n`uma viagem alegre

Leve-me onde eu possa cantar o lírico em teus braços
Observando o nascer da estrela maior bem, devagar
Leve-me contigo ao teu mundo encantado
Onde o sol é desnecessário a vida,


Onde a noite dure apenas o seu tempo
Onde os dias me permitam cavalgar
Em unicórnios aladados na velocidade da luz
Às viagens para os casebres nos sonhos coloridos de onde vim.

Despropósito (?)

Onde me achas a cada dia!?
Nas cidades e ruas que escolhestes para eu caminhar só ao calar-te na tua incerteza da fome e da sede que sabias que desvaneciam também a mim, a tua febre de presença foi a mesma que senti durante tua ausência tão doída em mim envolvendo-me o corpo e a alma numa solidão imensurável,  a levar-me ao mar e banhar-me no sal das marés lembrando lágrimas soltas por mim em tua pele clara e macia ao tocar teu rosto.
Em todas as ruas e cidades vi teu riso e te senti. Despi-me de meus medos para doar-me a um amor que via nascer iluminado.

Ando do lado de dentro de uma porta fechada por ti, 

Viestes guardando segredos...

Corina Sátiro - 05/09/2016

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Vozes

Ouvidos que angustiados ouvem as buzinas nas ruas e me fazem correr dos dias em que não me enquadro.

Rogo. Rogo aos espelhos da casa que mostrem a mim uma alegria ao acordar

Estou queimando e as feridas a deriva me doem o coração que arranco pela boca  de uma só vez

Para que tê-lo se as batidas me incomodam?

Posso ouvi-las bem alto com sua sofreguidão

Minha mão não cabe em minha garganta apertada de medo

Mas teria que arrancá-lo antes de morrer

E fora feito o parto a Fórceps de um coração que me trazia todos os outros corações que guardara com zelo quando esticava o físico da infância a adolescência e por fim na idade das pessoas adultas já que a criança permaneceria em mim para sempre.

Encontro-a pela casa e jardim quase sempre a brincar com as bonecas de pano que foram guardadas no sótão, ou a suspirar numa brincadeira das três marias balbuciando palavras aos amigos imaginários

Esta menina é feliz, mas foge-me quando a mulher solitária e serena volta.

 

Corina Sátiro – 23/08/2016