Ouço seus passos lentos por uma estrada de pedras, e n'um momento de emoção indescritível vejo um riacho em suas mãos abertas em conchas.
Vejo-o cerceado pela mata ciliar refletida intensamente no brilho de seus olhos
Trazendo o tom de minhas cores preferidas, me presenteando o que sai por sua boca, nariz, ouvidos e olhos escorrendo em minhas mãos... "obrigando" a mulher estática a mover-se, mostrar-se.
Que dispa-se então a mulher estática!
Que sorte minha receber sua imagem assim, uma alma nua transportando riachos nas mãos.
Vejo-a antes por dentro e posteriormente por fora em suas cores a aquecer meus sonhos, levando-me ao mergulho inevitável.
Sinto o que se move nas águas que me banham o corpo enquanto meu coração é desenhado em seu leito amplo.
Tão amplo que perde-se em horizontes que me fecham os olhos ao abrir com destreza os segredos de um enferrujado cofre onde guardo apenas segredos,
Confundindo seus cílios com o riacho que lhe nasce na aparência fria do medo que de dentro lhe brota, sigo em sua direção porque tudo em você vem de dentro e mistura-se a beleza da capa rara que lhe veste.
Sua alma límpida é como as águas cristalinas que se vê no riancho seguro, nas mãos transbordando sentimentos
E de manhã lhe escrevo estes tolos versos.
20/10/1985
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