Se eu soubesse por onde ando não me sentaria na beira
da estrada mirando o horizonte a procura do sol
Se eu soubesse olhar o que olha...
Se eu soubesse que meu coração está demasiadamente vivo
poderia tocar o céu com as pontas dos dedos
e não me surpreenderia com o grito do povo da terra que canta comigo
Quando sopramos lavas fumegantes sobre minha
alma nua e perdida
Avessa e descrente estaria eu de tantos olhares que me atiram versos mudos todos os dias?
Questionarias o olhar do infinito tanto quanto eu ?
Chorei na véspera do ensaio com o lume dos olhos anoitecidos a beira mar de onde também correríamos a desvendar mistérios...
Mistérios derramados na areia e no impalpável
que permeiam-me os dias atuais
De quem são os olhos que te guiam agora pelas estradas
onde caminho tentando me encontrar sem medo ?
Diga-me há quanto tempo segues por estradas que desconheces ?
Por que nos vemos admirando o mesmo horizonte
que nos parece tão próximo desta estrada que cruzamos ?
Me dê suas mãos para que possamos alcançar o céu e tocá-lo
com as pontas dos dedos.
05/07/2016
Arde saber que quem não vê os rios não entenderá as correntezas, e que nada há de se revelar num mundo silencioso e sem luz.
quarta-feira, 6 de julho de 2016
sábado, 18 de junho de 2016
Medo
Os rios transbordam meus medos na primeira
queda d` água,
E as luas que me veem
Dragam meus sonhos engolindo-me a vértebra,
fazendo doer os nervos.
Minha solidão é fruto de minha imaginação
fertilizada por tua imagem
Notória e veloz, muda como as ruas
Onde caminho só sob o céu em total abandono.
Há um monólogo onde falo dos temores
que habitam minha alma.
Abro meus olhos e me pergunto: sabes onde estás?
Mas que melancolia e essa que chega com as
lembranças?
Penso também que posso saber mais sobre a
diversidade dos caminhos...
Não quero saber sobre os teus caminhos.
Pergunto-me quais seriam os meus e me basta.
Por quanto tempo ilusoriamente ainda trarei
às lembranças
Os teus olhos observando as barcas que
atravessam o mar?
Ou ainda, de tuas mãos brancas deslizando
sobre uma folha de papel
Deixando-me um poema pela manhã.
Corina
Sátiro – 05/03/2000
terça-feira, 14 de junho de 2016
Incertos
Todas as
incertezas te cabem mal
E não é pertinente perguntas sobre isto
Não há o que refletir, proteção tens sobre minha instabilidade de humor
Não há mais noite e nem dia
Não há calor
O frio é perceptivo e doído
É visto como espada que corta sem piedade dedos e ossos de uma carcaça insana
Quando foi tua última noite dormida?
Quando foi teu último beijo na face do irmão desta enfadonha dor?
Não me fale do medo que tens...
Sabes o que é arrepiar-se de pavor ao ver o dia raiar ou a noite que cai? Não; não sabes.
Quem sabe?! Ninguém
Nada mais tenho, o que tinha já doei
Em nada posso crer agora.
Então, deixe-me arder na febre a mim imposta
Deixe-me só com minhas perguntas tolas, porque cabe somente a mim ver a poesia nesta lamúria infinda
Cá está o amor que não é perceptivo,
Cá está a profundeza do globo onde caem meus olhos deixando as pálpebras fechadas e para trás
Saía e apague as luzes
Enxergo minha solidão na impaciência que me corrói sem esperar nada do tudo e o tudo do nada
Não me queira mal neste momento
Não me toque
Despreze-me, é simples
Não finjas nada
Desnecessário é o teu ficar comigo
Há sempre um desenlace compreendido por mim, pois meus caminhos são tortuosos e ferem
É quase hora da morte dos sonhos
Não fique sem rumo quando eu desistir de beber da água retirada do lago onde mergulhas.
Não te entristeças
Veja-me apenas como uma das estrelas que se apagam no firmamento.
As outras lá
permanecerão a brilhar para o mundo em em teus olhos.E não é pertinente perguntas sobre isto
Não há o que refletir, proteção tens sobre minha instabilidade de humor
Não há mais noite e nem dia
Não há calor
O frio é perceptivo e doído
É visto como espada que corta sem piedade dedos e ossos de uma carcaça insana
Quando foi tua última noite dormida?
Quando foi teu último beijo na face do irmão desta enfadonha dor?
Não me fale do medo que tens...
Sabes o que é arrepiar-se de pavor ao ver o dia raiar ou a noite que cai? Não; não sabes.
Quem sabe?! Ninguém
Nada mais tenho, o que tinha já doei
Em nada posso crer agora.
Então, deixe-me arder na febre a mim imposta
Deixe-me só com minhas perguntas tolas, porque cabe somente a mim ver a poesia nesta lamúria infinda
Cá está o amor que não é perceptivo,
Cá está a profundeza do globo onde caem meus olhos deixando as pálpebras fechadas e para trás
Saía e apague as luzes
Enxergo minha solidão na impaciência que me corrói sem esperar nada do tudo e o tudo do nada
Não me queira mal neste momento
Não me toque
Despreze-me, é simples
Não finjas nada
Desnecessário é o teu ficar comigo
Há sempre um desenlace compreendido por mim, pois meus caminhos são tortuosos e ferem
É quase hora da morte dos sonhos
Não fique sem rumo quando eu desistir de beber da água retirada do lago onde mergulhas.
Não te entristeças
Veja-me apenas como uma das estrelas que se apagam no firmamento.
Corina Sátiro - 08/07/2016
quarta-feira, 1 de junho de 2016
Ilusionários
Estico-lhe
os pulsos, mas não me prenda!
Faça valer o que é justo
Não me encarcere
Sou bicho solto, a embrenhar-me nas matas, a fugir dos amores aflitos
posto que sou inocente e nada mais
Saio agora e deixo todas as luzes acesas para que vejas o mundo a passear nos teus olhos sem mim.
Estico-lhe os pulsos, e se quiseres me cuspa na cara, mas não me prenda...
Ao acordar para um novo dia ou noite
Viva intensamente e deixe-me ir
Sou composta de silêncios e verdades
Não vou te subornar com um olhar tristonho
ao te mirar e virar-me à fuga - seu tudo -, não devo ser...
Entenda que meus sentidos aguçados não me falham, posso tudo sentir e ver
Faça valer o que é justo
Não me encarcere
Sou bicho solto, a embrenhar-me nas matas, a fugir dos amores aflitos
posto que sou inocente e nada mais
Saio agora e deixo todas as luzes acesas para que vejas o mundo a passear nos teus olhos sem mim.
Estico-lhe os pulsos, e se quiseres me cuspa na cara, mas não me prenda...
Não
me encarcere!
Sou
inocente tanto o quanto o teu espreguiçamentoAo acordar para um novo dia ou noite
Viva intensamente e deixe-me ir
Sou
bicho solto, de embrenhar-me nas matas sem tormentas, onde tudo é silêncio e
paz
Não
me sacie, pois posso entrar na vulnerabilidade humanaSou composta de silêncios e verdades
Sou
apenas o frágil bicho solto e selvagem, nada mais
Estou
desarmada e cheiro a flores d'onde vim... Vivo de amores lúcidos Não vou te subornar com um olhar tristonho
ao te mirar e virar-me à fuga - seu tudo -, não devo ser...
Estico-lhe
os pulsos, mas não me prenda! Óh, não...
Não
me encarceres em tua inefável singularidade!Entenda que meus sentidos aguçados não me falham, posso tudo sentir e ver
Posso tudo compreender, mas não posso esquecer tudo...
Não me enjaule simplesmente para seu bel-prazer
Sou
bicho solto a discorrerNão me enjaule simplesmente para seu bel-prazer
01/08/1984
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Acordar Para O Tempo
Esqueçam
as datas e lembrem-se: o tempo é inexistente. Nós
o inventamos. Vejam
que nós mesmos inventamos as lembranças, portanto
elas diferem-se umas de outras. Não lembramos igual a outras pessoas.
Temos distorções cognitivas?
Nesta infinidade de lembranças até mesmo imagens rememoradas têm cores diferentes - sem cores primárias ou secundárias.
Bem como o tempo o medo é inexistente. Nós o criamos por não acreditarmos no que a vida nos trará de belo, e se nos vemos em situações complexas e difíceis abandonamos a descoberta por não acreditarmos em nós mesmos. Não vá dizer que o medo é do outro.
Esta descrença nos leva ao inimaginável: abandonamo-nos também. Atribulamos nossas mentes que são livres e criamos atalhos em nossas vidas como em uma janela do computador, raramente partindo da saída e nos embrenhando sempre na chegada.
Acordemos para o novo! Sem atalhos e sem o medo inexistente que nos prenderão as meias-voltas.
Fiquemos cientes de que podemos escolher os caminhos, e que com os caminhos que escolhemos podemos iluminá-los ou obscurecê-los, podemos sorrir ou chorar; e ainda, podemos mudar nossas vidas com o crescimento e a sabedoria a cada novo dia. Acordemos cedo ou tarde, mas acordemos.
Não tente descrever o que seu semelhante vê, só ele sabe, e nossos olhos são iguais em termos de observância, mas no que vemos verdadeiramente... Impossível saber.
Corina
Sátiro – 19/05/2016
Temos distorções cognitivas?
Nesta infinidade de lembranças até mesmo imagens rememoradas têm cores diferentes - sem cores primárias ou secundárias.
Bem como o tempo o medo é inexistente. Nós o criamos por não acreditarmos no que a vida nos trará de belo, e se nos vemos em situações complexas e difíceis abandonamos a descoberta por não acreditarmos em nós mesmos. Não vá dizer que o medo é do outro.
Esta descrença nos leva ao inimaginável: abandonamo-nos também. Atribulamos nossas mentes que são livres e criamos atalhos em nossas vidas como em uma janela do computador, raramente partindo da saída e nos embrenhando sempre na chegada.
Acordemos para o novo! Sem atalhos e sem o medo inexistente que nos prenderão as meias-voltas.
Fiquemos cientes de que podemos escolher os caminhos, e que com os caminhos que escolhemos podemos iluminá-los ou obscurecê-los, podemos sorrir ou chorar; e ainda, podemos mudar nossas vidas com o crescimento e a sabedoria a cada novo dia. Acordemos cedo ou tarde, mas acordemos.
Não tente descrever o que seu semelhante vê, só ele sabe, e nossos olhos são iguais em termos de observância, mas no que vemos verdadeiramente... Impossível saber.
quarta-feira, 27 de abril de 2016
SONATA
ASTROS
AFIXADOS NAS PAREDES DO QUARTO VAZIO
ACORDAM
E REFLETEM LUZ PRÓPRIA EM MEUS OLHOS. TE VEJO INFINITAMENTE FELIZ E FELIZ ESTOU.
LÁ FORA AS BARCAS ABRIGAM UMA NÉVOA SILENCIOSA DESCENDO SOBRE O AZUL DO MAR.
É O PRELÚDIO DE UM INVERNO FRIO E TEMPESTUOSO
QUE NOS LEVA A CONHECER A SOLIDEZ DA SOLIDÃO.
PIRATAS QUE ME LEVAM, ICEM AS VELAS!
E NO FRIO DAS ÁGUAS TURVAS ANUNCIEM OS DESARMADOS E PATÉTICOS POETAS QUE ME INSPIRAM E ACOMPANHAM.
FAZEM CRER QUE TEREMOS O FUTURO BLINDADO DE FLORES, POR QUE ASSIM O VEEM.
NÃO SABEM FALAR, MAS FAZEM CRER QUE TEREMOS O FUTURO BLINDADO DE FLORES!
NÃO SABEM OLHAR, MAS VEEM COM OS OLHOS MIÚDOS DAS ÁGUIAS.
ISTO ME ENCHE OS OLHOS DE ALEGRIA E ESPERANÇA,
INVERNAMOS EM POESIAS E SONATAS INVENTADAS NA SORTE.
PIRATAS QUE ME LEVAM, ICEM AS VELAS!
TE VEJO INFINITAMENTE FELIZ,
E PERGUNTO-ME SE FELIZ ESTOU.
SE
TODOS SOMOS FANTASMAS DE PIRATAS DE NAVIOS NEGREIROS NÃO TEREMOS UM FUTURO
BLINDADO DE FLORES. SABEMOS QUE POETAS SÃO MENTIROSOS.
Corina Sátiro– 26/04/2016
quinta-feira, 14 de abril de 2016
Reticente
Reticente
Deixe-me beber
contigo.
Se já bebemos tantas
palavras haveremos de beber juízos.
Bebemos palavras sem
vírgulas, dois pontos, ponto e vírgula, reticências...
Vê! Me emprestastes
alguns acentos.
Me emprestastes
aquele sorriso com gosto de água
cristalina,
E além de palavras
bebidas, sussurros impensados e cheios de beleza.
Deixe-me beber
contigo todas as palavras ditas às avessas.
Deixe-me inventá-las
na madrugada enquanto a noite assume sua postura de senhora,
Enquanto dormes.
Estamos no contexto.
Se quiseres, grite bem alto.
Mas há que se dizer
que palavras são sensíveis e podem não suportar
Sua própria
insensatez.
Verbalize-as com
recheio de rosas.
Eternize-as.
Esqueça-te do ponto
final.
Corina Sátiro -
14/04/2016
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